terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Sou Um Amigo.

Ela me perguntava "por que você está fazendo isso", eu sinceramente não sabia explicar. Tudo o que eu sabia é que ela era boa de mais, certa de mais para acabar com um cara como eu. Nada do que eu fizesse, ou mudasse, tornaria esse fato menos real e foi ai que começou o erro.

Ela era tudo pra mim, eu sabia. Via o sol da manhã cinza no rosto dela e isso me consolava. Nós falávamos sobre crepúsculos e selos de carta, sobre o luar e sobre como filmes da sessão da tarde são ruins. Tínhamos nosso próprio tempo. Deixávamos as luzes acessas. Mas no fundo eu sabia que não duraria muito. Poderia ser um dia, um mês, ou exatamente um ano. Ela olharia para o lado esquerdo da cama e veria um alguém totalmente diferente, totalmente estranho, e totalmente fora de seu mundo.

Ela dizia "não, isso é mentira", dizia também, "pare de se crucificar tanto assim, você não é tão ruim" e eu chorava por dentro. Não que ela estivesse errada, e nem certa, porém sabia que eu era um erro. Me apaixonei facilmente por alguém que merecia mais. Quebrei a regra principal em matéria de corações: despertei o amor em outra pessoa que merecia muito mais que um rosto bonito. Ou talvez nem isso.

Ela poderia mudar o mundo com uma canção. Ela fazia músicas sobre inquilinos e via o mundo em uma escala de dó maior. Ela grifava livros e falava em sapos. Ela era tudo pra mim. Sempre foi.

Não sei se me apaixonei errado, por que sinceramente queria ter minha vez de ser feliz. Devo ter despertado isso em uma hora errada, ou talvez não tenha hora certa pra mim. Parece bobagem, mas faz muito sentido. No mundo há pessoas que amam pessoas que amam. Essas pessoas não usam o produto, só ficam felizes por ver alguém que sabe usar. E que tem mais sorte.

"A linha do horizonte me distrai, dos nossos planos é que tenho mais saudade" canto em um violão antigo sentimentos novos.

Sou um amigo.

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