Ela narrou à situação dessa maneira: quando saiu do trabalho, quis pegar um caminho diferente para casa. Passando pela Rua dois, um congestionamento (nunca antes visto na região) fez com que ela parasse o carro, fechando um cruzamento. Algo lhe incomodou de longe, abriu a porta para ver o que era: uma criança sozinha na rua. Aproximou-se e percebeu que a mãe estava por perto. Virou-se para seu carro no tempo exato de presenciar outro veículo chocar-se com o seu. Respirou fundo. “Essas coisas acontecem.” Um homem saiu de dentro do carro e veio desculpar-se pelo acidente. O cabelo dele era do tipo que ela achava mais atraente. Os olhos eram claros, do jeito que ela amava. Era da altura que ela gostava em um homem. Ele por sua vez, educadíssimo, fez uma boa primeira impressão, apesar da situação inesperada. “Meu nome é Arthur, sinto muito pelo carro...” e esse era o nome que ela pretendia dar para seu primeiro filho, caso um dia tivesse um. Até agora, para ela, nada disso era destino. Não passava de fatos matemáticos, equações e escolhas que a levaram aquele lugar.
Então percebeu que do carro de Arthur vinha uma música.
- O que você está ouvindo?
- Frank Sinatra.
Pronto. Agora ela acreditava.
T. Rodrigues