domingo, 1 de maio de 2016

Fluxo

Todas as coisas devem acabar.
Para que deem lugar a novas coisas
Para que abram espaço naquele velho armário de mudança
Que a gente insiste em guardar por conveniência.

Coisas que ainda não fizemos, mas haveremos de fazer ainda.
Coisas que dizemos, mas não poderíamos dizer ainda.
Todas elas fazem parte de um grande mar de incertezas
E quando a cama vira depósito de promessas
Daquele amanhã que seria diferente
Se dorme o sono dos justos não tão imaculados
Vazios do outro e cheios de si.
Mas certos do dia que ainda haverá de nascer.

Há ainda os que cultuam o deus do deixar-pra-trás
Mas não se deve dar valor demais ao desapego
Desapague-se desse mantra.
A vida dá, a vida toma
E ainda continuamos réus de um destino que não julga
Mas que faz de toda testemunha seu juiz.

Pois um dia a alma se aquieta do afago ou da falta
Um dia as folhas caem para dar lugar a novas
Sinta-se parte de um mundo que substitui

Toda velha história por uma ainda não contada.

T. Rodrigues

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